"Babies" e sobre como escolher brinquedos

Lagarta Pintada 1 13:36




Todas as vezes em que eu penso em comprar brinquedos para Sissi, que está com 18 meses, me vem à mente o documentário "Babies" (2010). O filme é uma delicada aclamação ao primeiro ano de vida de quatro bebês em diferentes regiões do mundo - Namíbia, EUA, Japão e Mongólia -, acompanhados pelas lentes do francês Thomas Balmès. Sem diálogos, o espectador é levado a partilhar o universo de cada uma das famílias e, apesar das drásticas diferenças sócio-econômicas que opõem duramente as realidades de cada uma das crianças, reconhecer que a magia do desenvolvimento da natureza humana, no fim das contas, se revela em qualquer lugar do mundo. 

Um dos pontos altos no filme é a cena em que Mari, o bebê japonês, tem uma crise de choro quando não acerta montar um brinquedo de empilhar. Ela rola no chão e se debate, em meio a seus lindos e variados brinquedos. A cena é interrompida para mostrar o bebê da Mongólia, que brinca tranquilamente com um rolo de papel higiênico, ao mesmo tempo em que está sozinho amarrado a uma cama… 

O que "Babies" pode nos ensinar sobre o modo como escolhemos brinquedos para os nossos filhos?

Em primeiro lugar, como bem se diz em inglês: less is more. Devemos pensar o que nos leva a comprar tantos brinquedos. Amontoados, destroçados e abandonados dentro dos quartos, os brinquedos atuais confirmam o vaticínio dos 15 minutos de fama cunhado por Andy Warhol. Para além de uma exegese sobre a cultura do consumismo, sobre a dicotomia entre o "ter" e o "ser" - embora eu ache todas essas reflexões muito válidas -, quero me concentrar nos aspectos práticos. O que podemos fazer para o brinquedo ter mais valor para os nossos filhos? Como podemos proporcionar que o brinquedo realmente cumpra a sua função de estimular o imaginário infantil, promover o desenvolvimento, intelecto, habilidades cognitivas e sociais? Compartilho algumas ideias:

Brinquedos passivos. Minha amiga Paula uma vez me falou uma frase que não saiu mais da cabeça: "brinquedo ativo, criança passiva; brinquedo passivo, criança ativa". Passei a observar o quanto isso é verdade. Se você compra um boneco que anda, faz barulho, emite luzes - o que resta a seu filho fazer com ele? Apenas olhar! E é isso mesmo o que geralmente acontece, não há chance de criar formas de interação com o brinquedo, pois a interação já está pré-programada como algo do tipo, "você me aperta e eu emito um som". Na mesma linha de raciocínio, prefira os brinquedos com menos detalhes e acabamentos  pois eles permitem à criança completar com a própria imaginação o que falta nos brinquedos. 

Estoque rotativo de brinquedos. Procure desenvolver o hábito saudável de alternar entre os brinquedos que ficam à disposição dos pequenos no quarto ou no cantinho de brincar. Separe um espaço na despensa, ou se falta de lugar for um problema, use uma mala de viagem para isso. A cada dois meses, alterne os brinquedos da mala e os do quarto, se possível tentando deixar opções variadas e alternar entre brinquedos similares. Por exemplo, alterne entre instrumentos musicais, entre brinquedos de montar, jogos eletrônicos etc. Dessa forma, você estará simultaneamente oferecendo opções que estimulam seu filho de forma variada e tornando a oferta de brinquedos mais atraente. 

Em tempo: o trailer de Babies está no YouTube; o documentário inteiro você consegue ver no Netflix.





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1 comments

Olá vim retribuir sua visita ao educa sempre e apreciar seu post.
Quando comecei a ler logo visualizei o canto amontoado de brinquedos no quarto da minha filha, rsrsrs.

Legal a crítica!

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Olhando no espelho

Mãe lagarta em metamorfose permanente... com família a reboque mundo afora.

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