Uma revolução silenciosa -- a ciência do desenvolvimento infantil e como ela pode nos ajudar
Creio que é possível falar de uma revolução silenciosa na forma como se entendemos hoje o desenvolvimento infantil -- descobertas científicas recentes que estão abrindo um universo de possibilidades e de aplicações, não apenas para educadores, mas também para pais, mães e cuidadores.
É impressionante como o conhecimento sobre o desenvolvimento do cérebro humano mudou desde, por exemplo, a época em que eu estava na escola. E olha que nem faz tanto tempo assim...
Me lembro nitidamente de ter aprendido nas aulas de ciência de que os neurônios eram células que não se reproduziam. Você nascia com uma quantidade fixa deles e, ao longo do tempo ia perdendo, com o envelhecimento, esses motorezinhos do raciocínio. Nada mais falso. Hoje se sabe que não só os neurônios podem se multiplicar mas também que a chave para mantê-los ativos está na capacidade de interconectá-los, ou seja, interferir no que os cientistas chamam de "arquitetura do cérebro". Sabemos hoje também que os bebês vêm ao mundo já com um "pacote de software pré-instalado" e, desde o momento em que estão fora do útero, formulam e testam hipóteses sobre o mundo que os cerca, como forma de adquirir conhecimento. Outra descoberta: o cérebro de um bebê recém-nascido possui noções pré-concebidas sobre as leis da física, como o movimento dos objetos, relações de causa e efeito e a força da gravidade. Também é capaz interpretar emoções como raiva, alegria e compaixão sem que ninguém os tenha ensinado.
Livros como The Scientist in the Crib e Descartes’ Baby ("O cientista no berço" e "O bebê cartesiano", respectivamente) mostram que o bebê pode ser comparado a um pequeno cientista que vai analisando criteriosamente o ambiente ao seu redor. Mais do que isso, resultados de pesquisas que acompanharam crianças desde o nascimento mostram que o desenvolvimento precoce das habilidades cognitivas e da competência social e emocional são a base do sucesso para a formação de adultos responsáveis e bem integrados à sociedade. E tudo isso ocorre entre 0 e 3 anos de idade!
É aí que a coisa se torna interessante. Juntando tudo, pode-se dizer que o desenvolvimento do cérebro do bebê é dependente de duas coisas: I - da oferta de estímulos adequados; e II - do vínculo afetivo com o cuidador. Ou seja: o bebê que passa por restrição de estímulos ou por privação de afeto e cuidados já começa em desvantagem. Pensando nisso, a fundação Zero to Three, uma instituição sem fins lucrativos criada nos EUA para dar visibilidade à importância da primeira infância, disponibiliza diversos materiais informativos que traduzem essas informações científicas em sugestões e aplicações práticas para os pais. Abaixo, segue o resumo de um desses materiais, com quatro pontos a serem desenvolvidos em casa para que a criança esteja bem preparada quando chegar à fase escolar.
1 - Relacionamentos: Bebês que têm suas necessidades atendidas por pelo menos um cuidador criam vínculos afetivos saudáveis com esta pessoa. Esses relacionamentos pessoais positivos na primeira infância desenvolvem a confiança e a auto-estima.
2 - Experiências do dia-a-dia: o cotidiano oferece aos bebês a oportunidade de aprender sobre o mundo e como ele funciona. Sabe-se que é possível prever, com confiança, o sucesso acadêmico de uma criança de 9 anos com base no número de palavras que ela escutou entre 0 e 3 anos. Oferecer variedade e informação à criança através de experiências do dia-a-dia estimula sua curiosidade e sua capacidade de comunicação.
3 - Emoções: as emoções têm um papel fundamental na aprendizagem. O funcionamento do cérebro em alto nível é integrado por meio delas. Trabalhar o desenvolvimento emocional das crianças ensina-lhes a ter empatia, determinação e auto-controle.
4 - Brincadeiras: ao brincar, a criança exercita sua compreensão do mundo. Brincar estimula o gosto pela aprendizagem e desenvolve habilidades cognitivas, linguagem, conceitos e concentração. Isso reforça a capacidade de resolver problemas, a tenacidade, a cooperação e criatividade.
Mais informações:
* O blog Mil Dicas de Mãe menciona uma pesquisa interessante sobre como o ambiente em que a criança vive influencia o desenvolvimento do seu cérebro.
* A revista Superinteressante fez uma matéria em 2001 que menciona vários achados científicos interessantes sobre o desenvolvimento na primeira infância.
É impressionante como o conhecimento sobre o desenvolvimento do cérebro humano mudou desde, por exemplo, a época em que eu estava na escola. E olha que nem faz tanto tempo assim...
Me lembro nitidamente de ter aprendido nas aulas de ciência de que os neurônios eram células que não se reproduziam. Você nascia com uma quantidade fixa deles e, ao longo do tempo ia perdendo, com o envelhecimento, esses motorezinhos do raciocínio. Nada mais falso. Hoje se sabe que não só os neurônios podem se multiplicar mas também que a chave para mantê-los ativos está na capacidade de interconectá-los, ou seja, interferir no que os cientistas chamam de "arquitetura do cérebro". Sabemos hoje também que os bebês vêm ao mundo já com um "pacote de software pré-instalado" e, desde o momento em que estão fora do útero, formulam e testam hipóteses sobre o mundo que os cerca, como forma de adquirir conhecimento. Outra descoberta: o cérebro de um bebê recém-nascido possui noções pré-concebidas sobre as leis da física, como o movimento dos objetos, relações de causa e efeito e a força da gravidade. Também é capaz interpretar emoções como raiva, alegria e compaixão sem que ninguém os tenha ensinado.
Livros como The Scientist in the Crib e Descartes’ Baby ("O cientista no berço" e "O bebê cartesiano", respectivamente) mostram que o bebê pode ser comparado a um pequeno cientista que vai analisando criteriosamente o ambiente ao seu redor. Mais do que isso, resultados de pesquisas que acompanharam crianças desde o nascimento mostram que o desenvolvimento precoce das habilidades cognitivas e da competência social e emocional são a base do sucesso para a formação de adultos responsáveis e bem integrados à sociedade. E tudo isso ocorre entre 0 e 3 anos de idade!
É aí que a coisa se torna interessante. Juntando tudo, pode-se dizer que o desenvolvimento do cérebro do bebê é dependente de duas coisas: I - da oferta de estímulos adequados; e II - do vínculo afetivo com o cuidador. Ou seja: o bebê que passa por restrição de estímulos ou por privação de afeto e cuidados já começa em desvantagem. Pensando nisso, a fundação Zero to Three, uma instituição sem fins lucrativos criada nos EUA para dar visibilidade à importância da primeira infância, disponibiliza diversos materiais informativos que traduzem essas informações científicas em sugestões e aplicações práticas para os pais. Abaixo, segue o resumo de um desses materiais, com quatro pontos a serem desenvolvidos em casa para que a criança esteja bem preparada quando chegar à fase escolar.
1 - Relacionamentos: Bebês que têm suas necessidades atendidas por pelo menos um cuidador criam vínculos afetivos saudáveis com esta pessoa. Esses relacionamentos pessoais positivos na primeira infância desenvolvem a confiança e a auto-estima.
2 - Experiências do dia-a-dia: o cotidiano oferece aos bebês a oportunidade de aprender sobre o mundo e como ele funciona. Sabe-se que é possível prever, com confiança, o sucesso acadêmico de uma criança de 9 anos com base no número de palavras que ela escutou entre 0 e 3 anos. Oferecer variedade e informação à criança através de experiências do dia-a-dia estimula sua curiosidade e sua capacidade de comunicação.
3 - Emoções: as emoções têm um papel fundamental na aprendizagem. O funcionamento do cérebro em alto nível é integrado por meio delas. Trabalhar o desenvolvimento emocional das crianças ensina-lhes a ter empatia, determinação e auto-controle.
4 - Brincadeiras: ao brincar, a criança exercita sua compreensão do mundo. Brincar estimula o gosto pela aprendizagem e desenvolve habilidades cognitivas, linguagem, conceitos e concentração. Isso reforça a capacidade de resolver problemas, a tenacidade, a cooperação e criatividade.
Mais informações:
* O blog Mil Dicas de Mãe menciona uma pesquisa interessante sobre como o ambiente em que a criança vive influencia o desenvolvimento do seu cérebro.
* A revista Superinteressante fez uma matéria em 2001 que menciona vários achados científicos interessantes sobre o desenvolvimento na primeira infância.
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