Crianças + Livros: estratégias de leitura entre 2 e 3 anos
Quinto post da série de atividades de estímulo à leitura para crianças
A gente costuma pensar que as crianças aprendem a ler por volta dos seis anos... Mas esse conceito não poderia estar mais longe da realidade. Aprender a ler é um processo que começa muito antes. E justamente na faixa entre dois e três anos de idade, é que despontam habilidades de reconhecer formas, símbolos e cores, precursoras do desenvolvimento da leitura.
A partir dessa idade, fica bem evidente que o desenvolvimento dos pirritinhos – como diz meu sogro – dá um salto. A comunicação pela linguagem já é uma realidade e, de uma hora para outra, você pode passar a ouvir expressões do tipo "essa menina bebeu água de chocalho?" ou "ele foi vacinado com agulha de vitrola?". O pior é que as mudanças não param por aí: junto vêm as birras, malcriações e caprichos.
Sissi ainda não entrou oficialmente nessa faixa etária mas, de muitas maneiras, já chegou lá. Especialmente no quesito dos caprichos. Ela fala tudo explicado: exige ir para o jardim às 8h da noite, pede para passear de carro na hora do almoço e determinou que o lugar para ela dormir é o "cato da mamãe". E ai de mim quando eu discordo.
Os americanos têm uma expressão muito apropriada para essa fase: terrible twos, ou "os terríveis dois anos". Você sabe bem quando ela começa, e não precisa ser necessariamente no segundo aniversário. Se de repente parece que o seu filho faz tudo exatamente ao contrário do que você pede, se ele grita no lugar de falar e, sobretudo, se NÃO virou a palavra favorita... bem-vindo aos terrible twos!
Dá até um pouquinho de desânimo de tentar convencer a ferinha a sentar pra ler com você...
Mas, tentando entender como a cabecinha do seu filho está se transformando nesta etapa, fica mais fácil pensar em formas de atraí-lo para a leitura.
Primeira Dica
Para tirar proveito dessas transformações, minha primeira dica é aproveitar a energia e a motivação do seu pequeno para vincular os livros com brincadeiras interessantes. Uma sugestão é usar livros de animais e combinar com brincadeiras. Para essa faixa etária, livros sobre animais é o que não falta nas livrarias... Para cada animal ilustrado no livro, você pode ensinar seu filho a imitar o bicho. Veja como fazer o "passo do urso" e o "passo do caranguejo":
E por aí vai. Outros bichos fáceis de imitar: macaco, coelho, sapo, minhoca... Você intercala a brincadeira com a leitura e ainda estimula a coordenação motora.
Segunda Dica
Livros com frases rimadas. Como o raciocínio abstrato está mais desenvolvido agora, a criança começa a curtir a repetição de sons engraçados, mesmo que não façam sentido ou sejam palavras que ela ainda não conhece. Ela já vai entender a graça por trás da rima e isso pode trazer horas de divertimento. Um livro muito legal para isso é Cadê o Meu Penico? de Mij Kelly. Além de ser todo rimado, o livro tem a vantagem de abordar um tema importante nessa fase: o desfralde. A história da personagem Hortênsia, que precisa fazer uma "coisa" com muita, muita urgência, mas tem o penico roubado, é hilária!
O Jogo do Contrário, da Jandira Mansur, é um livro que eu amo desde pequenininha. Li quando ainda estava na primeira série. E depois comprei um novo para ler com LL quando ele era pequeno. A história do menino Manequinho, que começa a imaginar como as coisas devem ser ao contrário quando o dia vira noite, é uma delícia. As rimas são engraçadas, o texto tem um monte de repetições, então a criança acaba decorando fácil. Eu lia para ele e as frases repetidas ele sempre queria completar.
Terceira Dica
Se um dos principais desafios dos terrible twos é aprender a lidar com as emoções, por que não aproveitar a literatura infantil para dar uma mãozinha? Livros que ajudem a mostrar que todo mundo tem emoções e sentimentos diferentes, com frases e ilustrações simples, são uma ótima pedida. Em particular, eu sou super fã do Livro dos Sentimentos, do Todd Parr. Ele mostra, de forma divertida e envolvente, que mudar de humor é natural; e ajuda os pequenos a verbalizar as emoções – primeiro passo para superar logo a fase das birras.
O blog Mil Dicas de Mãe tem um post bem legal sobre outro título desse mesmo autor. Na verdade, absolutamente todos os livros do Todd Parr são o máximo. Os temas são envolventes: família, paz, adoção, amor e diferenças. Inspiram crianças e pais.
E, no caso dos papais e mamães expatriados, que dão duro para cultivar o português longe da terrinha, como eu, essa série ainda traz uma vantagem adicional. Os livros praticamente todos existem publicados em inglês e em português. (Imagino que em outros idiomas também...) Dá para comprar a versão brasileira e a estrangeira, para brincar com a transição entre os idiomas de forma criativa e relaxada.
Leia os posts anteriores: atividades para bebês até seis meses, leitura para a faixa etária de seis a doze meses e formando uma bibilioteca entre 12 e 24 meses.
A gente costuma pensar que as crianças aprendem a ler por volta dos seis anos... Mas esse conceito não poderia estar mais longe da realidade. Aprender a ler é um processo que começa muito antes. E justamente na faixa entre dois e três anos de idade, é que despontam habilidades de reconhecer formas, símbolos e cores, precursoras do desenvolvimento da leitura.
A partir dessa idade, fica bem evidente que o desenvolvimento dos pirritinhos – como diz meu sogro – dá um salto. A comunicação pela linguagem já é uma realidade e, de uma hora para outra, você pode passar a ouvir expressões do tipo "essa menina bebeu água de chocalho?" ou "ele foi vacinado com agulha de vitrola?". O pior é que as mudanças não param por aí: junto vêm as birras, malcriações e caprichos.
Sissi ainda não entrou oficialmente nessa faixa etária mas, de muitas maneiras, já chegou lá. Especialmente no quesito dos caprichos. Ela fala tudo explicado: exige ir para o jardim às 8h da noite, pede para passear de carro na hora do almoço e determinou que o lugar para ela dormir é o "cato da mamãe". E ai de mim quando eu discordo.
Os americanos têm uma expressão muito apropriada para essa fase: terrible twos, ou "os terríveis dois anos". Você sabe bem quando ela começa, e não precisa ser necessariamente no segundo aniversário. Se de repente parece que o seu filho faz tudo exatamente ao contrário do que você pede, se ele grita no lugar de falar e, sobretudo, se NÃO virou a palavra favorita... bem-vindo aos terrible twos!
Dá até um pouquinho de desânimo de tentar convencer a ferinha a sentar pra ler com você...
Mas, tentando entender como a cabecinha do seu filho está se transformando nesta etapa, fica mais fácil pensar em formas de atraí-lo para a leitura.
Dos 24 aos 36 meses
- Proezas físicas: pular com os dois pés; se equilibrar em um pé só, pedalar o triciclo, correr, subir escadas alternando os pés, chutar uma bola com força... energia que cansa só de olhar!
- Raciocínio abstrato: começa a aprender a fazer-de-conta, a imaginar, e a pensar sobre coisas que estão fora do alcance da vista.
- As palavras começam a se encadear e virar frases com sentido completo, expressando idéias e emoções.
- Passa a mostrar sinais de pensamento de causa e consequência nas atividades do dia-a-dia. Por exemplo: "Se eu for para o jardim enquanto está chovendo, vou me molhar". A descoberta da causa-e-efeito é o principal motivo que faz a criança perguntar "por quê?" o tempo todo!
- Brincadeiras repetidas: o gosto pela repetição não é algo novo para esses pequenos aventureiros. Mas a partir de agora, eles passam a repetir ações mais complexas, com sequências lógicas, como, por exemplo, querer dar banho na boneca na pia 17 vezes em uma tarde...
Estratégias de leitura e atividades interessantes
Primeira Dica
Para tirar proveito dessas transformações, minha primeira dica é aproveitar a energia e a motivação do seu pequeno para vincular os livros com brincadeiras interessantes. Uma sugestão é usar livros de animais e combinar com brincadeiras. Para essa faixa etária, livros sobre animais é o que não falta nas livrarias... Para cada animal ilustrado no livro, você pode ensinar seu filho a imitar o bicho. Veja como fazer o "passo do urso" e o "passo do caranguejo":
E por aí vai. Outros bichos fáceis de imitar: macaco, coelho, sapo, minhoca... Você intercala a brincadeira com a leitura e ainda estimula a coordenação motora.
Segunda Dica
Livros com frases rimadas. Como o raciocínio abstrato está mais desenvolvido agora, a criança começa a curtir a repetição de sons engraçados, mesmo que não façam sentido ou sejam palavras que ela ainda não conhece. Ela já vai entender a graça por trás da rima e isso pode trazer horas de divertimento. Um livro muito legal para isso é Cadê o Meu Penico? de Mij Kelly. Além de ser todo rimado, o livro tem a vantagem de abordar um tema importante nessa fase: o desfralde. A história da personagem Hortênsia, que precisa fazer uma "coisa" com muita, muita urgência, mas tem o penico roubado, é hilária!
O Jogo do Contrário, da Jandira Mansur, é um livro que eu amo desde pequenininha. Li quando ainda estava na primeira série. E depois comprei um novo para ler com LL quando ele era pequeno. A história do menino Manequinho, que começa a imaginar como as coisas devem ser ao contrário quando o dia vira noite, é uma delícia. As rimas são engraçadas, o texto tem um monte de repetições, então a criança acaba decorando fácil. Eu lia para ele e as frases repetidas ele sempre queria completar.
Terceira Dica
Se um dos principais desafios dos terrible twos é aprender a lidar com as emoções, por que não aproveitar a literatura infantil para dar uma mãozinha? Livros que ajudem a mostrar que todo mundo tem emoções e sentimentos diferentes, com frases e ilustrações simples, são uma ótima pedida. Em particular, eu sou super fã do Livro dos Sentimentos, do Todd Parr. Ele mostra, de forma divertida e envolvente, que mudar de humor é natural; e ajuda os pequenos a verbalizar as emoções – primeiro passo para superar logo a fase das birras.
O blog Mil Dicas de Mãe tem um post bem legal sobre outro título desse mesmo autor. Na verdade, absolutamente todos os livros do Todd Parr são o máximo. Os temas são envolventes: família, paz, adoção, amor e diferenças. Inspiram crianças e pais.
E, no caso dos papais e mamães expatriados, que dão duro para cultivar o português longe da terrinha, como eu, essa série ainda traz uma vantagem adicional. Os livros praticamente todos existem publicados em inglês e em português. (Imagino que em outros idiomas também...) Dá para comprar a versão brasileira e a estrangeira, para brincar com a transição entre os idiomas de forma criativa e relaxada.
Leia os posts anteriores: atividades para bebês até seis meses, leitura para a faixa etária de seis a doze meses e formando uma bibilioteca entre 12 e 24 meses.
2 comments
Cara Lagarta,
Adorei o post. Beijos e saudades das duas.
AL
Adorei seu post! Estamos nessa fase aqui rss... Meu caçula Arthur está com 2 anos e 3 meses e tudo que você descreveu dos 24 aos 36 meses identifiquei aqui. Muito bom.
Beijos em vocês.
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