Pequeno guia prático para a escolha do pediatra do seu filho
Ontem, dia 27 de julho, foi o Dia do Pediatra. A data foi instituída em alusão ao dia de fundação da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), em 1910, pelo médico Fernandes Figueira. O Dr. Figueira foi o primeiro médico brasileiro a se dedicar ao estudo dos problemas e patologias infantis. Convidado por Oswaldo Cruz para dirigir a enfermaria de doenças infecciosas de crianças do Hospital São Sebastião em 1903, introduziu a prática de internar as crianças com suas mães. Esta idéia, revolucionária para a época, aumentou a atenção dispensada aos pequenos doentes, reduzindo os índices de mortalidade no hospital.
Bem escolhido, o pediatra é o médico que vai cuidar da criança em parceria com a família durante muitos anos. O convívio com esse especialista acaba se convertendo uma relação de confiança das mais importantes e por isso, é uma escolha que tem de ser feita de forma muito criteriosa. Mais do que qualquer outra especialidade médica, o foco do pediatra deve ser na manutenção da saúde e não na cura de doenças -- e esta perspectiva é que deve orientar a escolha dos pais.
O ideal é o nome do pediatra estar definido antes do nascimento do bebê e, de preferência, que o pediatra possa acompanhar o parto. Quando estava grávida de Sissi, nos EUA, fiquei muito surpresa que o meu obstetra me deixou livre para escolher o pediatra que eu quisesse para acompanhar o nascimento dela. No Brasil, isso se complica um pouco porque muitas vezes o obstetra tem algum arranjo prévio com o pediatra com quem está acostumado a trabalhar. Além disso, as limitações impostas pelo seguro-saúde nem sempre permitem que os pais façam escolhas baseadas somente em suas preferências.
Começando pelo livrinho do plano de saúde ou não, as regras para selecionar o pediatra ideal não mudam muito. É um alívio pensar que a internet (em particular, o Google) tornou essa tarefa muito mais fácil, já que uma simples busca pelo nome do médico pode revelar informações importantes, inclusive existem vários sites hoje em dia, como o Doctoralia, com avaliações e opiniões de pacientes sobre profissionais da área médica. O site considera três critérios de avaliação, que eu considero os básicos:
- Atenção: Isso parece óbvio, não? A atenção que o pediatra dedica ao seu filho, e por extensão, a você, é fundamental. E com atenção, não me refiro necessariamente ao tempo da consulta, embora isso faça diferença. Pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o ideal seria que cada consulta tivesse o mínimo de 40 minutos, mas todos sabemos que a estrutura de pagamento dos convênios praticamente inviabiliza isso. Outros indícios são importantes, como por exemplo, a disponibilidade do médico (ele fornece telefone celular, de casa?). Também vale a pena observar como o médico se comporta com relação às suas dúvidas e perguntas. Falando muito sério, os pais dão muito mais trabalho aos médicos do que as crianças. Se o seu não parece levar a sério as suas dúvidas, parece impaciente ou, pior -- como já me aconteceu -- recrimina você porque você demonstra conhecimento mais aprofundado sobre algum assunto, esqueça. A maior probabilidade é de você nunca confiar no que ele te disser, ou ficar com medo de ligar em caso de necessidade, o que, em ambos os casos, só vai te frustrar e fazer perder tempo.
- Pontualidade: Ok, brasileiro é um ser que se atrasa... temos uma tolerância com prazos e horários muito particular. Mas existe uma diferença entre se atrasar e esperar 1h30 por uma consulta. Com uma criança doente, é de doer. E muitas vezes é pior ainda com uma criança saudável, que vai correr o tempo todo, pegar os brinquedos dos outros, subir nas cadeiras e invadir o balcão da recepcionista -- deu para imaginar... Mas como evitar esse tipo de situação? Uma dica que funciona para mim é perguntar, casualmente, qual é a política de marcação de consultas, encaixes e retorno. Um médico sem um procedimento definido tem muito mais chances de não dar a mínima para a pontualidade das consultas. Crianças ficam doentes sem aviso prévio e, se o seu pediatra aceitar encaixar todo mundo a qualquer momento, você vai passar por maus bocados na sala de espera. Sem contar as chances de contaminar seu filho saudável por ficar horas confinado junto com crianças doentes. A primeira pediatra do meu filho -- a melhor que eu já conheci -- tinha um horário específico, no fim do expediente, para atender encaixes, assim ela evitava a bagunça nos horários e diminuía as chances de misturar crianças saudáveis com pacientes doentes.
- Instalações: Verifique se o consultório possui espaço adequado para a espera, até porque você não quer contaminar o filho de ninguém se o seu estiver doente ou vice-versa. A clínica da Sissi nos EUA era excepcional neste sentido, pois tinham uma sala especialmente preparada para recém-nascidos, uma para pacientes saudáveis e outra para crianças doentes. Um luxo! Há banheiro e água disponível? Outros pontos: há brinquedos na sala de espera? Como é a limpeza do ambiente? E dos brinquedos? (Isso pode dar bons indícios da preocupação do profissional com a higiene). E, acima de tudo, pense na localização do consultório -- é perto da sua casa, tem estacionamento (se você usa carro) ou é perto de transporte público? Vale lembrar que a SBP recomenda a seguinte frequência de consultas pediátricas:
Idade
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Frequência
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nascimento
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pré-natal, neonatal
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até 12 meses
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mensal
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1 a 4 anos
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trimestral
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5 a 18 anos
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anual
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Ou seja, grandes chances de se arrepender
se você escolher um consultório do outro lado da cidade...
- Especialização: o pediatra, assim como o clínico, é um generalista. Muitos, além da Pediatria, acumulam especialidades, como Gastroenterologia, Alergia e Imunologia, Nefrologia etc. Se você tiver um histórico familiar que possa predispor os filhos a determinada condição, como asma e alergia (meu caso), pode ser interessante buscar um profissional que tenha uma especialização na área. Ah, e se você mora no exterior, uma dica é pesquisar, se possível, um médico com alguma experiência em "medicina de viagem", "medicina tropical" ou com alguma bagagem internacional, porque esses geralmente possuem um entendimento mais abrangente de problemas típicos que podem afetar famílias multiculturais ou expatriadas (calendário de vacinas, doenças típicas do país de origem, por exemplo).
- Política de atendimento: o hospital que o pediatra indica, como proceder em situações de emergência, acompanhamento em casos de internação e o profissional substituto também são dados importantes. Nada pior do que descobrir, durante um momento de necessidade, que você não tem a quem recorrer porque o médico viajou...
E, por fim, mas não menos importante, o teste da afinidade. Aquela melhor pediatra de todas que eu consultei era organizada, detalhista... ela até tinha uma folhinha com a dieta impressa para cada mês até o primeiro ano de vida. Fiquei maravilhada com aquilo, porque era exatamente o meu estilo. Conseguir conciliar aspectos práticos com a avaliação subjetivas, além de ter a tranquilidade de que o médico apóia suas decisões sobre alimentação e estilo de criação -- esse é o cenário perfeito, que antecipa uma parceria duradoura a favor da saúde e do desenvolvimento dos seus filhos.
2 comments
Olá .. adorei seu post, eu tinha mesmo essa dúvida da frequencia ... obrigada ... estamos lhe seguindo, nos visite e siga tb se gostar .. beijos ...
Roberta & Luma
http://princesaluma.blogspot.com.br/
http://motivosparaestareserfeliz.blogspot.com.br/
Oi Roberta, visitei e curti seu blog. Descobri que minha Sissi é um miosótis disfarçado de girassol, rsrsrs...
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