Lidando de forma positiva com as próprias emoções
O último mês foi enrolado. Fazer sozinha a decoração da festinha de aniversário da Sissi não foi moleza. Ela estava elétrica, pouco colaborativa e disposta a testar quase todos os limites já negociados entre nós duas. Foram dias em que eu precisei muito das minhas habilidades socioemocionais. Não só para ajudar minha filha a lidar de forma positiva com as emoções dela, mas também me ajudar com as minhas.
Boa oportunidade para colocar em prática as estratégias que eu venho pesquisando para ensinar regulação emocional à minha Pequena Imperatriz.
Em um post anterior, eu falei sobre um livro que explica como a mente processa a regulação emocional. Durante a leitura, entendi que essa regulação sempre envolve envolve três elementos: a situação desencadeadora, o processamento interno da emoção; e uma resposta.
Exemplo concreto: A criança está brincando na sala e a mãe chega avisando que é hora de dormir (situação). A criança ouve, avalia o aviso da mãe como algo negativo (processamento); e, por fim, reage fazendo birra e dizendo que não (resposta).
A mente da criança possui um repertório de respostas que ela "se acostumou" a escolher diante de determinada situação/emoção. Foram várias vezes em que ela ouviu a mãe dizer alguma coisa naquele mesmo tom de voz, e ela sabe, instintivamente, que quando o mesmo olhar e tom de voz da mãe aparecem, é porque vem alguma coisa desagradável. A situação de alerta aciona uma espécie de "memória emocional" do cérebro. Essa memória relembra como a criança reagiu em situações parecidas, ou seja, quanto mais a criança se comporta de uma forma, maior a tendência de ela repetir esse comportamento.
Como diria a minha mãe: é de pequenino que se torce o pepino. Ou, quanto mais enraizado o hábito, mais difícil de mudar.
Por isso a importância de interferir no processo para substituir o hábito negativo pelo positivo. Segundo a minha leitura, o importante é buscar estratégias adaptativas, ou seja, estratégias que ensinem seu filho a aprender a lidar melhor com as emoções e permitam que ele aprenda a controlá-las de forma interna e independente. Porque controlar o comportamento pode ser o seu objetivo de curto prazo, mas no longo prazo, você tem que ensiná-lo a pescar, certo? Até porque você não vai estar sempre por perto para fazer esse "trabalho" por ele.
Uma das estratégias "adaptativas" que venho usando com persistência (e sei que não vai dar resultados do dia para a noite...) é a de reconhecimento da emoção. Sissi está passando pela transição de bebê para menininha, acho que comum entre 3 e 4 anos, com aquela tensão de novas responsabilidades (ir à escola, escovar dentes, guardar brinquedos, ser "menina grande"!) e, vira-e-mexe dá um ataque de "bebezite". Chora por qualquer coisa, se recusa a conversar, faz manha...
Percebendo essa fase de transição, decidi usá-la como uma oportunidade de aprendizagem. Sentei e me coloquei na mesma altura dela, como eu sempre faço quando quero ter uma conversa mais "elaborada". Expliquei, em linguagem acessível, o que era emoção e os tipos de emoção que ela tem - e que todo mundo também tem. Dei o exemplo dos bebês, que choram sem conseguir se controlar. E ela, justamente porque estava virando "menina grande", ela podia começar a aprender a conhecer e controlar as emoções.
Ela pareceu entender tudo.
Claro que entre entender e assimilar existe uma looonga distância. Não demorou muito para surgir a primeira oportunidade de testar meu modelo. Hora da comida: ela vê o prato e anuncia, já colocando a língua pra fora e dizendo que NÃO vai tomar sopa, que quer comer iogurte. Pergunto: como você está se sentindo? Para funcionar, é importante acertar no tom de voz - se eu faço a pergunta com um tom de voz ameaçador, não dá certo. Precisa sair em um tom genuinamente interessado, sem intimidar.
Mesmo assim, ela não consegue atinar que o sentimento é de desprezo. Aqui eu tenho que fazer uma homenagem ao filme Divertida Mente, da Pixar. Ele foi perfeito para exemplificar as reações de uma pessoa que está sentindo: alegria, medo, raiva, nojo e tristeza. As características dos personagens são fáceis de identificar e associar com a rotina da criança. Peguei o computador, mostrei as imagens do filme e ela rapidamente matou a charada. "Disgust!", respondeu, já achando graça...
Demos um passo. A idéia agora será implementar um processo sistemático de reconhecimento de emoções. Vamos ver no que dá.
Até a próxima!
Boa oportunidade para colocar em prática as estratégias que eu venho pesquisando para ensinar regulação emocional à minha Pequena Imperatriz.
Em um post anterior, eu falei sobre um livro que explica como a mente processa a regulação emocional. Durante a leitura, entendi que essa regulação sempre envolve envolve três elementos: a situação desencadeadora, o processamento interno da emoção; e uma resposta.
Exemplo concreto: A criança está brincando na sala e a mãe chega avisando que é hora de dormir (situação). A criança ouve, avalia o aviso da mãe como algo negativo (processamento); e, por fim, reage fazendo birra e dizendo que não (resposta).
A mente da criança possui um repertório de respostas que ela "se acostumou" a escolher diante de determinada situação/emoção. Foram várias vezes em que ela ouviu a mãe dizer alguma coisa naquele mesmo tom de voz, e ela sabe, instintivamente, que quando o mesmo olhar e tom de voz da mãe aparecem, é porque vem alguma coisa desagradável. A situação de alerta aciona uma espécie de "memória emocional" do cérebro. Essa memória relembra como a criança reagiu em situações parecidas, ou seja, quanto mais a criança se comporta de uma forma, maior a tendência de ela repetir esse comportamento.
Como diria a minha mãe: é de pequenino que se torce o pepino. Ou, quanto mais enraizado o hábito, mais difícil de mudar.
Por isso a importância de interferir no processo para substituir o hábito negativo pelo positivo. Segundo a minha leitura, o importante é buscar estratégias adaptativas, ou seja, estratégias que ensinem seu filho a aprender a lidar melhor com as emoções e permitam que ele aprenda a controlá-las de forma interna e independente. Porque controlar o comportamento pode ser o seu objetivo de curto prazo, mas no longo prazo, você tem que ensiná-lo a pescar, certo? Até porque você não vai estar sempre por perto para fazer esse "trabalho" por ele.
Uma das estratégias "adaptativas" que venho usando com persistência (e sei que não vai dar resultados do dia para a noite...) é a de reconhecimento da emoção. Sissi está passando pela transição de bebê para menininha, acho que comum entre 3 e 4 anos, com aquela tensão de novas responsabilidades (ir à escola, escovar dentes, guardar brinquedos, ser "menina grande"!) e, vira-e-mexe dá um ataque de "bebezite". Chora por qualquer coisa, se recusa a conversar, faz manha...
Percebendo essa fase de transição, decidi usá-la como uma oportunidade de aprendizagem. Sentei e me coloquei na mesma altura dela, como eu sempre faço quando quero ter uma conversa mais "elaborada". Expliquei, em linguagem acessível, o que era emoção e os tipos de emoção que ela tem - e que todo mundo também tem. Dei o exemplo dos bebês, que choram sem conseguir se controlar. E ela, justamente porque estava virando "menina grande", ela podia começar a aprender a conhecer e controlar as emoções.
Ela pareceu entender tudo.
Claro que entre entender e assimilar existe uma looonga distância. Não demorou muito para surgir a primeira oportunidade de testar meu modelo. Hora da comida: ela vê o prato e anuncia, já colocando a língua pra fora e dizendo que NÃO vai tomar sopa, que quer comer iogurte. Pergunto: como você está se sentindo? Para funcionar, é importante acertar no tom de voz - se eu faço a pergunta com um tom de voz ameaçador, não dá certo. Precisa sair em um tom genuinamente interessado, sem intimidar.
Mesmo assim, ela não consegue atinar que o sentimento é de desprezo. Aqui eu tenho que fazer uma homenagem ao filme Divertida Mente, da Pixar. Ele foi perfeito para exemplificar as reações de uma pessoa que está sentindo: alegria, medo, raiva, nojo e tristeza. As características dos personagens são fáceis de identificar e associar com a rotina da criança. Peguei o computador, mostrei as imagens do filme e ela rapidamente matou a charada. "Disgust!", respondeu, já achando graça...
Demos um passo. A idéia agora será implementar um processo sistemático de reconhecimento de emoções. Vamos ver no que dá.
Até a próxima!
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