Resiliência, aprendizagem e o papel dos pais
Eu fiz esse resumo de um artigo excelente que eu li no "The Atlantic". Achei que valia a pena traduzir e postar.
Algumas crianças são mais difíceis de educar do que outras. Educadores muitas vezes lutam para motivá-los, para acalmá-los, para se conectar com eles.
Fonte: Educar para Crescer. |
Estudos indicam que um conjunto de qualidades pessoais (muitas vezes chamadas de habilidades não-cognitivas), que incluem resiliência, consciência, otimismo, auto-controle e persistência não podem ser formalmente ensinadas em sala de aula, mas são moldadas por forças ambientais específicas, tanto na escola como em casa.
O processo começa na primeira infância, e os fatores ambientais mais importantes nos primeiros vida das crianças são:
1 - A forma como os seus pais e outros adultos interagem com eles.
2 - Os pais agem como reguladores externos do estresse de seus filhos.
Quando os pais se comportam duramente ou de forma imprevisível, especialmente nos momentos em que seus filhos estão chateados, as crianças ficam menos propensas a desenvolver a capacidade de controlar emoções fortes e de responder de forma eficaz a situações estressantes. Por outro lado, quando os pais respondem à turbulência das emoções da criança de forma sensível e controlada, a criança adquire mais chances de aprender que ela mesma tem a capacidade de lidar com os seus sentimentos, mesmo os mais intensos e desagradáveis.
Uma elevada incidência de traumas na infância tem um efeito negativo sobre o desenvolvimento das funções executivas de uma criança e de sua capacidade de aprender na escola. As dificuldades cognitivas podem rapidamente se transformar em dificuldades acadêmicas. Os alunos não aprendem a ler no tempo certo, porque é mais difícil para eles se concentrar nas palavras; não aprendem as noções básicas de número e quantidade, porque eles estão distraídos com suas emoções e ansiedades, que sobrecarregam o sistema nervoso. À medida em que o conteúdo se torna mais complicado, eles vão ficando cada vez mais para trás. Quanto mais eles ficam para trás, pior eles se sentem sobre si mesmos e sobre a escola.
Quando as emoções da criança são recebidas com carinho e compreensão constante pelos pais, aí então se estabelecem as bases para uma matriz saudável de atenção e concentração. É como se o cérebro da criança recebesse os sinais:
"Você está seguro; tudo vai ficar bem."
"Baixe a guarda; as pessoas ao seu redor vão te proteger e cuidar de você."
"Explore o mundo; ele é cheio de surpresas fascinantes."
Estas mensagens desencadeiam adaptações no cérebro das crianças que lhes permitem considerar problemas e decisões com mais cuidado, focando sua atenção por períodos mais longos. Possibilitam também que a criança se disponha a trocar um prazer imediato por uma de promessa de um benefício maior a longo prazo. Essa capacidade de adiar um benefício pequeno em detrimento de um bem maior - a resiliência - é a característica mais importante capaz de predizer o sucesso acadêmico e profissional no futuro.
Além disso, claro, existem transtornos específicos de aprendizagem e de comportamento que influenciam muito no rendimento acadêmico. Um ótimo artigo pode ser encontrado aqui.